Por: Claudemir Zafalon
O mercado de cacau viveu mais uma sessão de forte volatilidade e alta expressiva, impulsionado por um conjunto de fatores fundamentais e técnicos que reacenderam o apetite comprador. A movimentação ocorre em um ambiente macroeconômico sensível, após o Federal Reserve reduzir ontem, na última reunião do ano, a taxa de juros em 0,25 p.p., enquanto no Brasil o Banco Central manteve a taxa em 15%.
A decisão do FED trouxe alívio parcial aos mercados globais, favorecendo ativos de maior risco e ampliando a percepção de liquidez. No entanto, no caso específico do cacau, o movimento de alta se intensificou devido a fundamentos próprios da cadeia. As recentes revisões para baixo nas estimativas de superávit global divulgadas pelo ICCO e pelo Rabobank geraram maior preocupação com o balanço entre oferta e demanda. Ao mesmo tempo, a continuidade da retenção de cacau nos portos da Costa do Marfim, maior produtor mundial, adicionou pressão altista ao limitar o fluxo disponível para exportação.
Outro elemento relevante é a proximidade da inclusão do contrato de cacau na cesta de commodities da Bloomberg, prevista para o início de janeiro. A mudança tende a atrair novos fluxos de investimento, estimulando antecipação de posições no mercado futuro. Paralelamente, fundos realizaram cobertura de posições vendidas, movimento que, somado a condições técnicas favoráveis, amplificou a velocidade do avanço nos preços.
O contrato de março operou em ampla faixa, entre a mínima de US$ 5.882 e a máxima de US$ 6.300, encerrando o dia a US$ 6.221 por tonelada, com alta de US$ 339. A sessão foi marcada por forte atividade: foram negociados 22.397 contratos apenas no março e 43.617 contratos no total. O interesse em aberto registrou aumento significativo de 1.746 contratos, alcançando 125.150, sinalizando maior participação e confiança na tendência.
Nos portos dos EUA monitorados pela ICE, os estoques certificados recuaram 7.568 sacas, atingindo 1.664.563 sacas, reforçando a percepção de oferta apertada no curto prazo. Enquanto isso, as entregas físicas somam 1.514 contratos, com encerramento do processo previsto para 15 de dezembro.
No câmbio, o contrato futuro do dólar para vencimento em 31/12/2025 segue estável, cotado a R$ 5,505, oferecendo pouca influência adicional aos preços locais do cacau neste momento.
O cenário, portanto, combina fatores macroeconômicos relevantes com fundamentos específicos da cadeia do cacau, criando um ambiente de forte sustentação para os preços e indicando que a volatilidade deve permanecer elevada nas próximas sessões.
Fonte: mercadodocacau