Apesar de Alcolumbre, Centrão já contabiliza votos a favor de Messias


Jorge Messias (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)



247 - Mesmo diante da resistência manifestada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), líderes de partidos do Centrão e de siglas de oposição avaliam que haverá votos dissidentes em apoio ao ministro Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Supremo Tribunal Federal (STF). A movimentação segue intensa nos bastidores, com projeções internas que apontam chances reais de apoio inclusive em legendas tradicionalmente distantes do governo, relata o jornal O Globo.


A votação secreta e o bom trânsito de Messias entre setores evangélicos podem atrair ao menos dez votos nas bancadas que não integram a base governista. A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) está prevista para o dia 10, reduzindo o tempo de articulação do advogado-geral da União, que precisa de ao menos 41 votos no plenário para ser aprovado. Por isso, Messias intensificou sua agenda de encontros, embora tenha enfrentado contratempos, como o cancelamento de um almoço com senadores do PL e do Novo.


Play Video

Dissidências no União Brasil, PL e Republicanos

Caciques do União Brasil estimam que até dois senadores da bancada — composta por cinco parlamentares — podem votar a favor da indicação. Nomes como Dorinha Seabra (TO), que já atuou como vice-líder do governo, e Jayme Campos (MT), que mantém diálogo com setores de centro, figuram entre os potenciais apoios.

No PL de Jair Bolsonaro, mesmo sendo a maior bancada oposicionista, dirigentes reconhecem que até três dos 15 senadores podem aderir ao nome de Lula. Romário (RJ) confirmou que ainda está indeciso e que terá uma reunião com Messias na próxima semana. Já a senadora Eudócia Chagas (PL-AL), que tem bom relacionamento com governistas e organizava o almoço cancelado, não retornou aos contatos do jornal.


No Republicanos, apesar do apoio formal do presidente da sigla, deputado Marcos Pereira (SP), há resistência do grupo mais identificado com o bolsonarismo no Senado. Ainda assim, a expectativa é de até dois votos favoráveis. Um deles já está garantido: o senador Mecias de Jesus (RR) declarou publicamente apoio ao advogado-geral da União.

No PP, líderes avaliam que até três votos podem migrar para Messias entre os sete integrantes da bancada.
Crise entre Alcolumbre e o Planalto

A escolha de Lula por Messias contrariou Alcolumbre, que defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Aliados do presidente do Senado entendem que apenas a articulação política tradicional não será suficiente e que Lula precisará intervir diretamente para restabelecer a interlocução e reduzir o desgaste.

O ambiente ficou ainda mais tenso após Alcolumbre marcar a data da sabatina antes mesmo de o Planalto enviar a mensagem oficial ao Congresso — primeiro passo para formalizar a indicação. No domingo (30), o presidente do Senado elevou o tom e divulgou nota reclamando de “insinuações ofensivas” e de interferência indevida do Executivo no processo.


A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, reagiu nas redes sociais e afirmou que o governo mantém por Alcolumbre “o mais alto respeito e reconhecimento”.

A demora na chegada da mensagem oficial também levou o presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), a admitir a possibilidade de adiamento da sabatina.
Weverton Rocha assume papel de articulador

Relator da indicação, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) decidiu atuar como ponte entre Messias e outros parlamentares. Ele orientou o indicado a mapear todos os contatos já realizados, para então intensificar o corpo a corpo com os senadores.

Ao Globo, Weverton disse não ter recebido qualquer orientação de Alcolumbre e reiterou ser favorável à indicação: “Eu sou aliado direto do presidente Lula. Se é indicado por ele, é automaticamente apoiado por mim. Não há qualquer resistência ao Messias, ele cumpre todos os requisitos para isto. Em momento algum, Alcolumbre me fez qualquer pedido ou orientação contrária sobre o relatório. Vou trabalhar para que eles se encontrem em breve".


Weverton também aconselhou Messias a não contar com votação após o dia 10, pois um eventual adiamento poderia agravar o impasse com o Congresso e comprometer ainda mais as chances de aprovação, sobretudo diante da proximidade do ano eleitoral de 2026.
Postagem Anterior Próxima Postagem

Leia o texto em voz alta:



Esta imagem está protegida. Copiar não é permitido.