O início do julgamento de Jair Bolsonaro e de outros sete acusados pela trama golpista de 2023 não mobiliza apenas o Brasil: os principais veículos de imprensa do mundo estão atentos ao que ocorre no Supremo Tribunal Federal. Washington Post, New York Times, The Economist, The Guardian, El País e El Universal classificaram o processo como um dos mais importantes da História recente do país e um teste decisivo para a democracia.
Segundo o Washington Post, o Brasil enfrenta não só seu passado autoritário, mas também uma disputa indireta com Donald Trump. O jornal ressaltou que, apesar da longa tradição de golpes no país, esta é a primeira vez que autoridades brasileiras são julgadas por tentar “subverter a vontade do povo”.
O New York Times descreveu o julgamento como “momento histórico”, destacando a possibilidade de Bolsonaro receber penas que podem somar décadas de prisão. A publicação lembrou da vigilância policial em torno da casa do ex-presidente, hoje em prisão domiciliar, e apontou as pressões de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, em busca de apoio da Casa Branca.
Já a The Economist comparou o caso brasileiro ao ataque ao Capitólio em 2021. Enquanto os EUA deixaram Trump ileso, o Brasil, segundo a revista, busca responsabilizar Bolsonaro e enviar uma lição ao mundo sobre como resistir ao populismo autoritário. O The Guardian trouxe uma visão cultural, entrevistando o músico Fabiano Leitão, que prepara um samba para o dia de uma eventual condenação.
O jornal espanhol El País classificou o processo como “contagem regressiva” não apenas para Bolsonaro, mas para toda a direita brasileira. A reportagem destacou as fissuras do conservadorismo internacional e a possibilidade de penas que ultrapassem 40 anos. O diário também apontou as tentativas fracassadas de Trump de pressionar o Brasil com tarifas e sanções contra ministros do STF.
No México, o El Universal lembrou que as acusações contra o ex-presidente incluem golpe de Estado, organização criminosa armada e conspirações extremas, como supostos planos de envenenar Lula e assassinar Alexandre de Moraes. Para o veículo, trata-se do “julgamento mais importante da História recente do Brasil”.
Além do peso simbólico, especialistas destacam questões técnicas que serão definidas pelo STF, como a chamada “absorção” de crimes e a dosimetria das penas, que podem somar até 43 anos. Caso ultrapassem oito anos, Bolsonaro terá de cumprir regime fechado, cenário que, aliado à Lei da Ficha Limpa, o deixaria inelegível por ainda mais tempo. Assim, o julgamento não apenas coloca em xeque o futuro do ex-presidente, mas também sinaliza um marco contra o autoritarismo no Brasil.
Com informações do Bfrasil 247
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