Israel libera entrada limitada de ajuda em Gaza após pressão global


Medida busca evitar crise de fome no território após quase 3 meses de bloqueio; ofensiva militar segue intensa e negociações por trégua continuam no Catar




Após quase três meses de bloqueio total, Israel anunciou nesta segunda-feira (20) que permitirá a entrada limitada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A medida, segundo o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, visa evitar uma crise de fome entre os civis do território palestino.


"Israel permitirá a entrada de uma quantidade básica de alimentos destinados à população, a fim de evitar o agravamento da fome na Faixa de Gaza", diz a nota oficial, citada pela agência France Presse.

A decisão foi tomada por recomendação das Forças de Defesa de Israel e está ligada à intenção do governo de expandir as operações militares com o objetivo de derrotar o grupo Hamas. De acordo com a imprensa israelense, a decisão também reflete a crescente pressão internacional, especialmente dos Estados Unidos. A ajuda deverá ser distribuída por meio de organizações como o Programa Alimentar Mundial (PAM) e a ONG World Central Kitchen, até que um sistema conjunto de Israel e EUA entre em funcionamento no fim do mês.

O Exército de Israel iniciou nesta segunda-feira novas ofensivas terrestres em regiões do norte e sul da Faixa de Gaza. Segundo os serviços de emergência locais, pelo menos 50 palestinos, incluindo crianças, morreram nos ataques mais recentes. Também foram emitidos novos avisos de evacuação para civis no sul do território, em antecipação a uma ofensiva de larga escala.

No último sábado, o governo israelense intensificou a campanha militar com o argumento de libertar reféns mantidos pelo Hamas e enfraquecer o grupo extremista. Durante a semana passada, as Forças de Defesa de Israel atacaram mais de 670 alvos em Gaza.

O aumento da ofensiva gerou críticas por parte das autoridades palestinas, que denunciaram ataques a hospitais e a morte de centenas de civis. Apesar disso, Netanyahu afirmou nesta segunda-feira que estaria disposto a interromper temporariamente as operações caso o Hamas aceite retirar-se da região e libertar os reféns.

Por outro lado, o Hamas afirmou que só concordará com um acordo que envolva o fim definitivo da guerra. Representantes israelenses estão atualmente no Catar negociando com mediadores internacionais uma possível trégua.

O bloqueio total de ajuda humanitária a Gaza teve início em 2 de março, poucos dias antes do fim do último cessar-fogo. Em 5 de maio, Israel anunciou um plano para conquistar o território, o que inclui a remoção em massa da população — decisão que gerou condenações globais.

O atual conflito teve início em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas no sul de Israel que deixou cerca de 1.200 mortos, a maioria civis, e resultou na captura de mais de 200 reféns. Desde então, as forças israelenses iniciaram uma ofensiva de grande escala que, segundo autoridades locais controladas pelo Hamas, já causou mais de 53 mil mortes, além da destruição de grande parte da infraestrutura de Gaza e o deslocamento forçado de milhares de pessoas.
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