Lula lança em Belém fundo global para preservação de florestas tropicais



Foto: Bruno Peres/Agência Brasil


Da Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente nesta quinta-feira (6), durante a Cúpula do Clima em Belém (PA), o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), uma iniciativa internacional voltada ao financiamento da conservação das florestas tropicais em mais de 70 países.

Durante o evento, Lula destacou a importância de valorizar economicamente os biomas e de remunerar as populações que atuam diretamente na preservação ambiental.

“As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países. Os serviços ecossistêmicos precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos verdes internacionais não estão à altura do desafio”, afirmou.

De acordo com o presidente, o TFFF é um mecanismo inovador de financiamento, estruturado para complementar as ações que reduzem emissões de gases do efeito estufa. O modelo prevê investimentos soberanos de países desenvolvidos e em desenvolvimento em um fundo de capital misto, com aplicação em ações e títulos.

Os primeiros aportes virão de governos nacionais, que servirão de alavanca para atrair recursos privados. A meta inicial é alcançar US$ 25 bilhões e, posteriormente, US$ 125 bilhões com a entrada de capital da iniciativa privada.

Segundo Lula, os lucros obtidos com os investimentos serão revertidos para programas de conservação florestal e distribuídos entre os países participantes e investidores.

“Esses recursos irão diretamente para os governos nacionais, que poderão garantir programas soberanos de longo prazo”, explicou.

Apoio a povos indígenas e monitoramento

O TFFF destinará 20% dos recursos para povos indígenas e comunidades locais, reconhecendo seu papel central na proteção ambiental. O acompanhamento das áreas preservadas será feito por monitoramento via satélite, garantindo que o índice de desmatamento se mantenha abaixo de 0,5% nos países elegíveis.

O modelo prevê ainda o pagamento de US$ 4 por hectare preservado, valor que, segundo o presidente, pode ter grande impacto quando aplicado à escala global.

“Parece modesto, mas estamos falando de 1,1 bilhão de hectares de florestas tropicais distribuídos em 73 países em desenvolvimento”, destacou Lula.

Estrutura e governança

O Conselho do Banco Mundial será o responsável por hospedar o mecanismo financeiro e o secretariado do TFFF, que contará com governança multilateral e foco em transparência.

O fundo foi apresentado oficialmente após o aporte inicial de US$ 1 bilhão feito pelo governo brasileiro, anunciado em setembro, durante evento em Brasília promovido em parceria com o Secretariado das Nações Unidas para o Clima (UNFCCC).

Lula encerrou o discurso ressaltando o simbolismo do lançamento em Belém, às vésperas da COP 30, que será sediada na capital paraense em 2026.

“É simbólico que o nascimento deste fundo ocorra aqui, rodeado por sumaúmas, açaizeiros e andirobas. Em poucos anos, veremos o fruto desse esforço coletivo — e teremos orgulho de lembrar que foi no coração da Amazônia que demos esse passo juntos.”
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