PF indica 31 pessoas por fraude de R$ 180 milhões em créditos de carbono gerados com terras griladas na Amazônia



Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil


Da Redação

A Polícia Federal (PF) indiciou 31 pessoas por participação em um esquema de fraude e grilagem de terras públicas voltado à geração irregular de créditos de carbono no sul do Amazonas. A investigação, que resultou na Operação Greenwashing, é considerada a maior fraude com créditos de carbono já apurada no país, com movimentação estimada em R$ 180 milhões. As informações são da Folha de S. Paulo.

Segundo a reportagem , a operação foi deflagrada em 5 de junho de 2024, após mais de um ano de apurações conduzidas pela PF em Rondônia. Dois relatórios finais — de 108 e 392 páginas — já foram concluídos e encaminhados à Justiça Federal. Um terceiro ainda está em elaboração.

Ainda de acordo com a Folha, a PF informou que a organização criminosa era hierarquizada e estruturada em três núcleos, liderados por Ricardo Stoppe Júnior, Élcio Aparecido Moço e José Luiz Capelasso. O grupo teria corrompido servidores do Incra, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e de cartórios no estado para viabilizar o esquema.

O principal investigado, Stoppe Júnior, apresentava-se como “o maior vendedor de créditos de carbono globalmente” e chegou a participar da COP28, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, realizada em 2023 nos Emirados Árabes Unidos. Segundo a PF, o grupo planejava expandir o domínio de áreas griladas para até 3 milhões de hectares, com 1 milhão já destinados a projetos de carbono.

Entre as irregularidades apuradas estão grilagem de 537,9 mil hectares, extração ilegal de 1,1 milhão de m³ de madeira, desmatamento em terras públicas e venda fraudulenta de créditos de carbono. Os danos ambientais são estimados em R$ 606 milhões, e o valor das áreas griladas supera R$ 800 milhões.

A investigação também apontou o envolvimento de engenheiros e agrimensores que inseriam dados falsos em sistemas fundiários, como o Sigef, para deslocar títulos de propriedades e sobrepor registros a áreas públicas federais ou estaduais.

Na primeira fase da operação, a PF prendeu preventivamente Stoppe Júnior, Moço, Capelasso, Ricardo Villares Stoppe e Poliana Capelasso. Foram cumpridos 76 mandados de busca e apreensão em seis estados — Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo —, incluindo 22 empresas, quatro cartórios e órgãos públicos.

A Operação Greenwashing já teve seis fases, incluindo a Expurgare, que levou à prisão de servidores do Ipaam e ao afastamento do então diretor-presidente do órgão.

Os investigados respondem por crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, estelionato, invasão de terras públicas, crimes ambientais e organização criminosa.

Após seis meses de prisão preventiva, os principais investigados respondem em liberdade enquanto o Ministério Público Federal (MPF) decide se apresenta denúncia formal ou arquiva as acusações.
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