Imagens mostram o novo centro de detenção para imigrantes erguido em área sagrada e cercada por jacarés nos Everglades. Durante a visita, Trump ironizou possíveis fugas e foi criticado por ambientalistas, indígenas e defensores dos direitos humanos por promover o projeto

Trump visita Alcatraz dos Jacarés, prisão de imigrantes com répteis; veja - Trump, Alcatraz dos Jacarés
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Opresidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participou nesta terça-feira (1º) da inauguração de um centro de detenção para imigrantes ilegais na Flórida, apelidado de “Alcatraz dos Jacarés”. A instalação está localizada em uma área ambientalmente sensível dentro do parque natural dos Everglades, considerada sagrada por comunidades indígenas locais.
Além de Trump, estiveram presentes o governador da Flórida, Ron DeSantis — responsável pela iniciativa —, e a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.
Segundo a Casa Branca, o centro foi projetado para abrigar até 5 mil pessoas, embora autoridades estaduais falem em mil vagas inicialmente. O custo anual de operação está estimado em US$ 450 milhões (cerca de 2,5 bilhões de reais).
O governo estadual afirmou que o “Alcatraz dos Jacarés” é um centro temporário que utilizará tendas e trailers para acomodar os detidos, liberando espaço no sistema prisional da Flórida. A estrutura foi montada em um antigo aeródromo, em uma região isolada, cercada por pântanos, mosquitos, cobras venenosas e jacarés.
Assim como outros centros semelhantes nos Estados Unidos, o objetivo é manter os imigrantes ilegais detidos temporariamente enquanto aguardam deportação.
Por que o nome “Alcatraz dos Jacarés”?
O apelido faz referência à antiga prisão de segurança máxima Alcatraz, localizada em uma ilha próxima a São Francisco, Califórnia, desativada em 1963. Trump já sinalizou o desejo de reabrir a famosa penitenciária. O nome também alude ao ambiente hostil dos Everglades, especialmente pelos jacarés, usados como símbolo da suposta impossibilidade de fuga.
Durante a visita ao local, Trump ironizou que os imigrantes que tentarem fugir correm o risco de ser atacados por animais selvagens. Ao ser questionado por jornalistas se essa era a intenção, respondeu: “Esse é o conceito”.
"As cobras são rápidas, mas os jacarés... Vamos ensiná-los a fugir de um jacaré, ok?", brincou o presidente. E completou: "Se tentarem escapar da prisão, não corram em linha reta. Suas chances aumentam em 1%".
DeSantis endossou o comentário: “Do ponto de vista da segurança, se alguém fugir, há muitos jacarés por aqui. É impossível escapar”.
Críticas e ações judiciais
O projeto foi duramente criticado por democratas, ativistas de direitos humanos e grupos ambientais, que o classificaram como um espetáculo cruel e politicamente motivado. Organizações como o Centro para a Diversidade Biológica e os Amigos dos Everglades entraram com uma ação na Justiça Federal na semana passada, pedindo a suspensão da construção até que seja realizada uma revisão ambiental rigorosa, como exige a legislação.
Comunidades indígenas também protestaram, destacando que o centro foi erguido em terras que consideram sagradas. A região abriga 15 aldeias tribais remanescentes dos povos Miccosukee e Seminole, além de locais cerimoniais e de sepultamento.