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Da Redação
Em meio à intensificação da crise humanitária na Faixa de Gaza, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que o país reconhecerá oficialmente o Estado Palestino durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, marcada para setembro. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (24) e repercutida pelo Estadão.
Segundo a reportagem, Macron afirmou em publicação na rede social X que “é urgente que a guerra cesse e se preste socorro à população civil”. Para o presidente francês, o reconhecimento do Estado Palestino representa uma contribuição concreta em favor da paz no Oriente Médio.
A medida foi duramente criticada por Israel. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu declarou que a decisão representa uma “recompensa ao terrorismo”. Em nota, ele afirmou: “Um Estado palestino nessas condições seria uma plataforma para aniquilar Israel, não para viver em paz”. Segundo ele, os palestinos não desejam coexistência, mas sim substituir o Estado israelense.
Ainda de acordo com o Estadão, Macron já vinha sinalizando a intenção de formalizar o reconhecimento nos últimos meses, mas optou por oficializar a decisão em um momento de forte pressão internacional para que Israel libere a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
A situação humanitária no território palestino segue crítica. Segundo dados citados pelo Estadão, a ONU alerta para a escalada da fome: 45 pessoas morreram por desnutrição nos últimos quatro dias. Imagens de crianças em estado grave de saúde têm repercutido internacionalmente e intensificado os apelos por um cessar-fogo.
Estima-se que cerca de 500 mil palestinos estejam em situação de insegurança alimentar, e 100 mil enfrentem inanição. Um terço da população de Gaza passa dias sem qualquer refeição, segundo o Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos.
Israel, por sua vez, nega responsabilidade pela fome. O porta-voz do governo, David Mencer, afirmou ao Estadão que a escassez é causada pelo Hamas, que estaria desviando parte da ajuda enviada. O grupo palestino nega as acusações.
Desde o início do conflito, Israel impôs severas restrições à entrada de suprimentos no território. Entre março e maio, suspendeu completamente a distribuição de ajuda como forma de pressão contra o Hamas.
Impasse diplomático e pressão europeia
As negociações por uma trégua seguem estagnadas. Netanyahu mandou de volta a Tel Aviv os representantes israelenses que participavam de conversas no Catar. O enviado dos EUA, Steve Witkoff, culpou o Hamas pelo impasse, enquanto diplomatas de outros países veem a retirada das partes como uma possível manobra para obter mais concessões.
A União Europeia endureceu o tom e ameaça impor sanções a Israel caso o bloqueio à ajuda humanitária não seja suspenso. Vários de seus membros pedem ações concretas diante do colapso humanitário.
Nesse contexto, a decisão francesa amplia o peso diplomático a favor da Palestina. Conforme lembrou o Estadão, a França pode se tornar o país mais influente a reconhecer oficialmente o Estado Palestino. Atualmente, 147 dos 193 países-membros da ONU já reconhecem a Palestina — muitos deles pertencentes à Otan. Os Estados Unidos continuam sendo a principal exceção, influenciando aliados como Canadá, Reino Unido e Austrália.
No Reino Unido, o premiê Keir Starmer também enfrenta pressão interna para seguir o exemplo francês. Em declaração repercutida pelo Estadão, ele afirmou que conversaria com Macron e com o chanceler alemão, Friedrich Merz, para discutir formas de reduzir o número de mortes em Gaza. “O sofrimento e a fome em Gaza são indescritíveis e indefensáveis”, disse Starmer.