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Da Redação
Após a trágica morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, encontrada sem vida nesta terça-feira (25) após cair de uma trilha em um vulcão na Indonésia, a baiana Malu Reuter decidiu tornar público seu relato sobre a experiência que viveu no mesmo local. Em uma publicação extensa nas redes sociais, ela descreveu o percurso como extremamente desgastante e perigoso, expondo a precariedade da estrutura e o despreparo dos guias.
Malu viajou com outras duas brasileiras e um grupo de turistas estrangeiros, todos acompanhados por um guia local. O trajeto, inicialmente vendido como uma “trilha leve”, revelou-se fisicamente exaustivo desde o início. Segundo ela, após mais de uma hora e meia de subida inicial, ainda foi necessário caminhar por cerca de seis horas até o acampamento-base — trecho que já demandou muito esforço do grupo.
Ao chegar ao local de pernoite, novos desafios: o espaço para as barracas era pequeno, irregular e cercado por espinhos. Uma das integrantes do grupo teve uma crise de pânico ao ver as condições. Malu também criticou o comportamento do guia, que, segundo ela, sugeriu que uma das garotas dividisse a barraca com um homem desconhecido. “A gente se revoltou com o guia, que só sabia rir da nossa cara”, relatou.
Apesar do desgaste e das falhas na organização, Malu e uma amiga, Ana Clara, decidiram seguir com a escalada até o cume do vulcão durante a madrugada. Sem descanso adequado, lanternas com defeito e em um terreno arenoso que cedia até os joelhos, as duas seguiram praticamente no escuro, após o guia alegar cansaço e abandoná-las no caminho.
“O guia simplesmente disse: ‘podem ir na frente, vão acompanhando as luzinhas dos outros grupos’. E aí subimos eu e a Ana Clara, praticamente no escuro, pedindo a Deus a paz”, afirmou.
A descida, segundo Malu, foi ainda mais desesperadora, marcada por quedas e exaustão. “Nunca imaginei que alguém me venderia um passeio com risco real de morte como se fosse uma trilha para crianças e idosos”, desabafou.
Para Malu, Juliana pode ter sido vítima do mesmo cenário de desinformação e negligência. “Acho que o que aconteceu com Juliana foi o que aconteceu com a gente. Ela foi enganada. E, infelizmente, talvez não tenha tido a chance de retroceder.”
Malu também denunciou a ausência de protocolos de segurança no turismo de aventura na Indonésia. “Não nos pediram para assinar nenhum termo de responsabilidade, tampouco recebemos instruções de segurança. Não havia fiscalização”, destacou.
O caso de Juliana reacende o alerta para os riscos enfrentados por turistas em destinos onde a atividade de aventura é promovida sem regulamentação adequada. Malu finaliza seu depoimento com um apelo: “Que os viajantes tenham atenção redobrada antes de se aventurarem em lugares onde o risco é mascarado por promessas de experiência leve e segura”.