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Da Redação
A Bahia deu um passo estratégico para se consolidar como um dos principais polos de transição energética do Brasil com a inauguração, na quarta-feira (21), da primeira fazenda modelo dedicada ao plantio da macaúba, matéria-prima para biocombustíveis. Localizada no município de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, a unidade faz parte de um projeto de R$ 12 bilhões firmado entre o governo estadual e a empresa Acelen Renováveis.
Na cerimônia de lançamento, realizada na localidade de Santiago do Iguape, gestores públicos, pesquisadores e lideranças locais participaram do plantio simbólico das primeiras mudas. Inicialmente, a fazenda ocupa 200 hectares de uma área total prevista de 1.500 hectares, que receberão mais de 800 mil mudas da palmeira.
O secretário da Agricultura da Bahia, Pablo Barrozo, destacou que o investimento promove a diversificação da matriz energética com fontes renováveis, além de gerar emprego e fomentar o desenvolvimento sustentável na região. “Este projeto transforma áreas degradadas em territórios produtivos, posicionando o estado como pioneiro na transição energética e promovendo a inclusão socioprodutiva das comunidades locais”, afirmou.
Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Angelo Almeida, o projeto reforça a Bahia como protagonista da economia verde. “Com o lançamento da Política e Programa de Transição Energética do Estado, grandes iniciativas como esta trazem nova expectativa para o setor, colocando a Bahia na vanguarda da produção de biocombustíveis”, declarou.
A Acelen Renováveis projeta implementar uma unidade industrial integrada na refinaria de Mataripe, próxima às áreas de cultivo, com capacidade para entregar anualmente 1 bilhão de litros de diesel verde (Hydrotreated Vegetable Oil) e combustível sustentável de aviação (SAF). A previsão é que a produção dos combustíveis a partir do óleo da macaúba comece em 2030.
Segundo o CEO da empresa, Marcelo Cordaro, o projeto atende à crescente demanda internacional por energia de baixa emissão de carbono e representa um marco para o futuro da energia verde no Brasil. “Começamos o cultivo comercial com as melhores práticas agrícolas e ambientais, apostando no potencial do estado para atender mercados nacionais e internacionais”, disse.
A macaúba e o potencial dos biocombustíveis
A macaúba (Acrocomia aculeata) é uma palmeira nativa brasileira conhecida pela alta produção de óleo com potencial energético e capacidade de absorção de gás carbônico. Estudos indicam que os combustíveis produzidos a partir da macaúba podem reduzir em até 80% as emissões de gases do efeito estufa em comparação aos combustíveis fósseis.
Além disso, a cultura contribui para a conservação do solo, recuperação de mananciais e serve de alimento para a fauna local.
Atualmente, o biodiesel representa cerca de 14% do diesel consumido no Brasil, totalizando quase 9 bilhões de litros por ano. O setor aéreo civil, por sua vez, comprometeu-se a utilizar 480 bilhões de litros de bioquerosene (SAF) até 2050, o que deve triplicar a demanda por óleo vegetal nas próximas décadas. Nesse contexto, a macaúba surge como uma fonte estratégica para o futuro dos biocombustíveis no país.