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Da redação
Os investigados pelo esquema que desviou mais de R$ 12 milhões da saúde pública de Formosa do Rio Preto, no oeste da Bahia, tiveram acesso prévio a informações sobre a operação policial que os mirava. Segundo revelou o g1, após o vazamento da primeira fase da ação, em 2024, uma das suspeitas chegou a esconder o próprio celular na cama dos filhos, sob as cobertas, para impedir que o aparelho fosse apreendido.
A mulher foi identificada como Maria Raquel de Araújo Santos, cunhada de João Rocha Mascarenhas, cirurgião-dentista e ex-secretário de Saúde do município. Além de ocultar o telefone, ela teria levado um computador para outro imóvel com o objetivo de evitar que fosse confiscado pela polícia.
Outro indício da antecipação do grupo às ações policiais ocorreu cerca de 15 dias antes da operação: um dos investigados realizou buscas na internet sobre o departamento responsável pelo caso e sobre a delegada titular, sugerindo que os suspeitos tentavam monitorar a investigação.
Vereador e ex-secretários estão entre os presos
A Operação USG, deflagrada na terça-feira (18), prendeu nove pessoas, incluindo os supostos líderes do esquema: Hildjane Leite, José Rocha Mascarenhas e Raimunda Eliane Soares Pedrosa. Segundo uma fonte policial, todos ocupavam ou ocuparam cargos estratégicos na gestão municipal e teriam usado suas posições para viabilizar as fraudes.
Hildjane Leite foi eleito vereador em 2016, derrotado em 2020 e voltou à Câmara em 2024. Ele também comandou a Secretaria de Saúde em duas ocasiões. Já José Rocha Mascarenhas e Raimunda Eliane Soares Pedrosa, também ex-secretários da pasta, são apontados como articuladores do esquema, que envolvia plantões médicos falsos, manipulação de exames e fraudes em contratos de licitação.
Como funcionava o esquema
As investigações indicam que os desvios foram cometidos por uma estrutura criminosa organizada dentro da Secretaria Municipal de Saúde. Ex-gestores, familiares e empresários controlavam contratos com clínicas e laboratórios credenciados.
Médicos eram usados como sócios formais de empresas de fachada, enquanto diretores hospitalares validavam procedimentos inexistentes. Relatórios técnicos identificaram grande volume de exames e plantões fictícios. Um dos dados que mais chamou atenção foi a quantidade de ultrassonografias realizadas — nove vezes superior à média regional, incompatível com a demanda do município.
A operação segue em andamento, e novas diligências podem ser realizadas para aprofundar o rastreamento dos recursos desviados.