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Da redação
Durante a campanha do Setembro Amarelo, que chama atenção para a importância da prevenção ao suicídio e do cuidado com a saúde mental, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e vice da Comissão de Reparação, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), destacou a urgência de se olhar para as desigualdades que afetam diretamente a população negra. Segundo especialistas, o racismo atua como um complicador para os transtornos mentais, gerando impactos profundos na vida de homens e mulheres negras.
Dados do Ministério da Saúde revelam que o número de suicídios é 45% maior entre pessoas pretas e pardas em comparação às brancas, o que evidencia uma realidade marcada pela exclusão, pela discriminação e pela falta de políticas públicas específicas. Para Ireuda, o recorte racial é inegociável no debate sobre saúde mental: “Não podemos tratar a questão como se fosse algo homogêneo. As mulheres negras, em especial, vivem uma sobrecarga histórica: acumulam jornadas de trabalho, enfrentam o racismo e o machismo e, muitas vezes, não encontram rede de apoio. Isso tem reflexos diretos no adoecimento mental e no risco de suicídio”, afirmou.
A crise de saúde mental no Brasil também se reflete no mundo do trabalho. Dados recentes do Ministério da Previdência Social apontam que, somente em 2024, quase meio milhão de trabalhadores foram afastados por transtornos mentais — o maior número em pelo menos dez anos. O salto de 68% em relação ao ano anterior revela não apenas a gravidade do problema, mas também a necessidade de um debate interseccional.
Ireuda defende que o poder público precisa enfrentar o tema com coragem e sensibilidade: “Não basta falar de saúde mental sem reconhecer que o racismo estrutural é uma das principais raízes do sofrimento psicológico da população negra. Precisamos de políticas específicas, que garantam acesso ao tratamento, combate ao preconceito e acolhimento digno, principalmente para as mulheres negras, que estão na linha de frente dessa vulnerabilidade”.
Com o Setembro Amarelo em curso, a vereadora reforça a importância do combate ao suicídio e à exclusão: “Cada vida importa. Mas é fundamental enxergar onde a dor é maior e agir com prioridade. Falar sobre saúde mental é, também, falar sobre justiça social”, concluiu.