Número de academias na Bahia aumentou mais de 80% - Foto: Freepik
Nos últimos cinco anos, o número de academias na Bahia aumentou mais de 80%, ultrapassando 4 mil unidades, segundo dados do Conselho Regional de Educação Física da Bahia (CREF13/BA). O crescimento acompanha a expansão das chamadas academias de rede, que oferecem planos mais acessíveis e funcionam com um modelo de treinos mais autônomos, sem a supervisão constante de instrutores.
A estratégia reduz custos operacionais, mas levanta debates sobre segurança e valorização profissional. Muitos educadores físicos conciliam o trabalho em academias com atendimentos como personal trainers. O presidente do CREF13/BA, Rogério Moura, reforça a importância da presença de profissionais habilitados: “A supervisão profissional é essencial para garantir segurança e eficácia”.
Impacto das academias de rede
De acordo com Moura, o crescimento trouxe duas consequências: mais vagas de emprego e um número maior de pessoas praticando atividades físicas em ambientes controlados. Na Bahia, o número de estabelecimentos saltou de 2.200 em 2019 para 4.072 em 2025, mesmo com os impactos da pandemia.
Ele explica que a fiscalização do Conselho é contínua e que academias que funcionam de forma irregular, sem responsável técnico, podem ser fechadas. “Assim como ocorre em áreas médicas ou de engenharia, é obrigatório ter registro no conselho e um responsável técnico em toda unidade”, pontuou.
Profissionais e mercado de trabalho
O crescimento de personal trainers autônomos, segundo Moura, está ligado à busca por atendimentos mais personalizados. “É como na escola: pais contratam professores particulares para dar atenção diferenciada. Na academia acontece o mesmo”, comparou.
Somente em 2025 já foram feitos 357 registros de pessoas jurídicas no Conselho, sendo 52 de academias de rede. O presidente destaca ainda que o piso salarial é definido pelo sindicato, mas o CREF atua exclusivamente na fiscalização do exercício profissional.
Riscos do treino sem acompanhamento
Sobre o modelo de academias que funcionam apenas com equipamentos, como já ocorre nos Estados Unidos, Moura alerta: “O aluno que se exercita sem supervisão corre riscos. Exercício pode matar ou causar lesões incapacitantes”.
Ele lembra que, no Brasil, o exercício físico só pode ser prescrito por profissionais graduados e registrados. “Você pode até usar inteligência artificial para gerar um treino, mas não substitui a percepção individual, os ajustes em tempo real e a segurança que só um professor pode oferecer”, reforçou.
Inteligência artificial e treinos online
O presidente reconhece que ferramentas digitais vêm ganhando espaço, mas reforça que só são válidas quando o profissional está ao vivo acompanhando o aluno e devidamente registrado no Conselho. “Exercício não é receita de bolo, não dá para copiar de vídeos na internet sem orientação”, concluiu.