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Mulher sofreu três ferimentos a faca, incluindo um profundo no umbigo que abriu a barriga e expôs os órgãos para fora. Defesa alegou ferimentos acidentais e circunstâncias emocionais Ibicaraí está na lista dos 20 município com maior atenção para violência doméstica na Bahia — Givaldo Silva de Jesus vai a julgamento no Tribunal do Júri da Comarca de Ibicaraí, no sul da Bahia, no dia 3 de setembro de 2025, acusado de feminicídio contra sua companheira, Marta de Jesus Nascimento, então com 39 anos.
O crime ocorreu em 20 de agosto de 2023, na residência do casal, localizada na Rua São José, no Bairro Luxo. — O crime e a investigação Segundo a denúncia do Ministério Público da Bahia, Givaldo teria desferido múltiplos golpes de faca contra Marta, provocando três ferimentos: Um de 4 centímetros na barriga lado esquerdo do umbigo, que causou evisceração (exposição de vísceras, órgãos internos), outro de 3 centímetros na lateral da barriga e uma de mais de 3 centímetros na coxa esquerda.
O laudo necroscópico concluiu que a vítima morreu por causa de forte sangramento interno. Depois do crime, o acusado fugiu e continuou foragido por mais de 30 dias, sendo capturado por mandado judicial. — O andamento processual A denúncia foi recebida pela Justiça em outubro de 2023, quando a prisão temporária de Givaldo foi convertida em preventiva, diante da gravidade do caso e do risco de fuga. Durante a fase de instrução, testemunhas relataram histórico de violência e conflitos no relacionamento. No interrogatório, o réu negou ser autor das facadas, afirmando que Marta teria caído em um chão escorregadio e se ferido acidentalmente com a faca. A versão, no entanto, foi considerada incompatível com o tipo e a gravidade das lesões, além de não encontrar respaldo nos demais elementos do processo. Em 9 de fevereiro de 2025, a Justiça proferiu a sentença de pronúncia, reconhecendo indícios suficientes de autoria e materialidade para levar o réu a julgamento popular. A defesa tentou desclassificar o caso para homicídio privilegiado, tese que busca redução de pena em razão de circunstâncias emocionais ou morais, mas o pedido foi negado. —
O julgamento popular O sorteio dos jurados foi realizado em 5 de agosto de 2025. O julgamento foi programado para as 8h30 do dia 3 de setembro, no Fórum de Ibicaraí. Caso a data seja mantida, Givaldo, que segue preso preventivamente, será apresentado presencialmente. Uma das testemunhas será ouvida por videoconferência, conforme decisão judicial. A Justiça determinou ainda reforço policial para a sessão. —
Feminicídio em Ibicaraí O município vem registrando uma série de feminicídios ao longos dos últimos anos. Um relatório de inteligência da Polícia Civil elaborado em junho de 2025 a que o Grupo Ibicaraí teve acesso colocou Ibicaraí entre os 20 municípios da Bahia com maior foco de atenção para casos de feminicídio. Segundo o relatório, o município está entre os 109 com maior número de registros de violência doméstica e familiar (VDF), com 207 casos registrados de 2023 a maio de 2025, em um contexto de “vulnerabilidade socioeconômica” e em que a “inexistência de estrutura especializada impede o acompanhamento qualificado de denúncias”. O relatório também coloca dois municípios vizinhos entre os 20 com maiores índices per capita de feminicídios no estado: Floresta Azul, com 8,74, e Itapé, com 9,38. Alguns casos de assassinatos de mulheres em Ibicaraí se destacaram nos últimos anos. No bairro Caxingó, em outubro de 2018, Simone Souza Lima, então com 29 anos, foi morta a golpes de faca. O acusado do crime foi o companheiro dela, com quem morava havia dois anos.
Ele foi condenado a 14 anos de prisão. Em 4 de novembro de 2022, a adolescente Kauana Vasconcelos foi morta brutalmente na Rua Nova, na beira do rio. Ela foi para a pancada e arrastada até um terreno baldio e depois ainda sofreu tentativa de afogamento. Nos últimos meses, ao menos dois casos de agressões e tentativas de feminicídio em Ibicaraí terminaram em prisões. Há cerca de duas semanas, a Polícia Militar atendeu a um chamado de tentativa de feminicídio na cidade, em que um ex-companheiro invadiu a casa da vítima e a feriu com golpes de faca. O suspeito foi preso. A companhia independente de Polícia Militar local, a 63a CIPM, implantou um projeto chamado de Rede de Proteção às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica, que abrange quatro municípios. Desde o final de 2023, já foram realizadas cerca de 100 visitas domiciliares, com nove prisões por descumprimento de medidas protetivas. O projeto conta com veículo identificado, policial feminina na equipe de atendimento de ocorrências, apoio de profissional de saúde, banco de dados acessível, lista de vítimas para maior atenção e acompanhamento e ainda sala de atendimento e ambiente acolhedor. Também são realizadas ações educativas na comunidade e ações e palestras com autores de agressão.