
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Da redação
O dólar registrou nesta sexta-feira (12) a terceira queda consecutiva no Brasil e encerrou o dia no menor patamar em 15 meses, mesmo com a valorização da moeda norte-americana frente a outras divisas no exterior.
A expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses, aliada à manutenção da Selic em 15% no Brasil, reforçou entre analistas a percepção de que a tendência de curto prazo é de recuo em direção aos R$ 5,30. O dólar à vista caiu 0,69%, fechando a R$ 5,3537 — o nível mais baixo desde 7 de junho do ano passado, quando terminou cotado a R$ 5,3247. Na semana, a moeda acumulou queda de 1,11% e, no ano, já recua 13,36%.
Na B3, às 17h06, o dólar para outubro — contrato mais negociado — recuava 0,72%, a R$ 5,3760. A moeda chegou a iniciar a sessão em alta, acompanhando o movimento positivo no exterior, mas logo passou a operar no campo negativo.
Segundo profissionais do mercado ouvidos pela Reuters, o diferencial de juros entre Brasil e EUA justifica a queda recente. José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, observou em relatório a clientes que a faixa dos R$ 5,40 tem mostrado resistência, mas há espaço para queda até R$ 5,30. Para exportadores, destacou ele, há um risco crescente de o dólar seguir em baixa.
O cenário político também segue no radar. Após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, investidores monitoram possíveis reações dos Estados Unidos. Em julho, o presidente Donald Trump impôs tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e justificou a medida mencionando o julgamento de seu aliado. Na quinta-feira, após a decisão, o secretário de Estado Marco Rubio afirmou que Washington “responderá adequadamente a essa caça às bruxas”.
“O movimento natural do dólar ainda é de queda e, em algum momento, deve buscar os R$ 5,30. Mas tudo depende de Trump, que pode ou não retaliar o Brasil. Esse receio é o que ainda mantém a cotação mais próxima dos R$ 5,40”, avaliou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. Com informações da Reuters.