Com direção de Karla Tenório, solo de Virgínia Martins discute o amor romântico e a solidão contemporânea
Uma revolução nas relações está em curso:
termos como síndrome da escolhida, redpill, relacionamento abusivo, esquerdomacho e não-monogamia têm tomado conta das discussões sobre o amor na contemporaneidade. Esses e outros tópicos atravessam a cena em “Para onde vai o silêncio da queda”, solo idealizado e protagonizado por Virgínia Martins, com direção de Karla Tenório.
O espetáculo investiga o dispositivo amoroso, de forma íntima e política, sob o olhar de uma mulher nordestina migrante no Rio de Janeiro. A peça fica em cartaz às quartas-feiras, até 28 de maio no Teatro Glaucio Gill. Em cena, a atriz interpreta a si mesma e a sua bisavó, que tem o mesmo nome. Duas Virgínias Martins, separadas pelo tempo e pelas circunstâncias, mas unidas por uma história carregada de percalços na vida amorosa.
A bisa Virgínia sonhava com o Rio de Janeiro e com uma paixão proibida, mas viveu no sul da Bahia até falecer precocemente do coração. Já a Virgínia atriz, foi a primeira da sua linhagem a ter sucesso na tentativa de migrar para a cidade maravilhosa, e aproveita a chance para curar, no palco carioca, as dores de um coração tantas vezes partido.
Uma comédia dramática sobre amor, ancestralidade e migração Com linguagem contemporânea, a peça é uma comédia dramática, em formato stand-up documental, que expõe o paradoxo sobre a independência emocional e financeira da mulher e as fantasias românticas. Segundo Virgínia Martins, que é também formada em psicologia, a escolha de entrelaçar os temas amor e ancestralidade não foi à toa: “Falar de vida amorosa é também olhar pra trás, para aqueles que vieram antes. Nossos pais são referências básicas.
Eu acabei olhando um pouquinho mais longe! Já que meu nome foi uma homenagem a minha bisavó, fui atrás da história dela, percebi o quanto ela sofreu na mão dos homens, e me identifiquei”, explica.
Outro contexto relevante da peça é a migração. A atriz investiga o quanto as relações também podem estar atravessadas pelo território: “o início da minha vida amorosa foi marcado pelo fato de ser uma nordestina no Rio de Janeiro.
Cheguei aqui com 17 anos e ouvi de parceiros coisas como ‘não fala com sotaque baiano, pra ser aceita na sociedade carioca vai ter que perder esse sotaque de taquara rachada’. Além de toda a sexualização que me foi atribuída pela minha ‘baianidade’.
Num momento específico da minha vida fui muito estigmatizada como uma mulher pra transar.”, revela. A crise das relações A dramaturgia nasceu a partir de uma pesquisa iniciada por Virgínia em 2016, com o solo “Miss Eloquência”, e foi lapidada para se tornar um projeto totalmente novo, pelas mãos da diretora Karla Tenório, cujo repertório artístico conta com outra pesquisa sobre questões de gênero: Karla conquistou reconhecimento da imprensa internacional pela peça “Mãe Arrependida”, onde ela discute a maternidade compulsória. Dentre as referências levantadas pela atriz e pela diretora, uma fundamental é Valeska Zanello e A Síndrome da Escolhida, conceito também aprofundado por Adriana Ventura de Souza. Ao longo da pesquisa, as artistas se depararam com dados que encorajaram ainda mais a produção do espetáculo: o número de solteiros crescente em relação aos casados (81 x 63 milhões, segundo o IBGE) e a expectativa de que esse número aumente 20%, em nível mundial, até 2040, de acordo com a Euromonitor Internacional.
Além do levantamento feito pelo aplicativo de relacionamentos Happn, que aponta que cerca de 81% dos brasileiros assumiram passar mais tempo dando curtidas, do que iniciando uma conversa. Para Virgínia, os dados refletem a dificuldade moderna de construir laços e a epidemia da solidão: “A indisponibilidade afetiva tem causado danos altíssimos para a saúde psíquica da população e os relacionamentos abusivos correspondem a 70% dos atendimentos psicológicos do país”, alerta a atriz e psicóloga. Para onde vai o silencio da queda é uma provocação: “Pra onde vai aquela dor que sofremos caladas, na nossa intimidade, quando ninguém está vendo? Aqui a gente torna público o privado, pra que coletivamente a gente dê um salto de consciência e leve a cabo a fala do maravilhoso Ailton Krenak que diz que, se a queda é inevitável, então que a gente aproveite a nossa capacidade criativa para construir paraquedas coloridos”, conclui. Classificação: 14 anos Duração: 60 minutos SERVIÇO: Local: Teatro Glaucio Gill - Praça Cardeal Arcoverde, s/n - Copacabana, Rio de Janeiro Temporada: 07 a 28 de maio – às quartas. Horário: 20h Ingressos: R$40 (inteira); R$20 (meia) Link para compra: https://funarj.eleventickets.com/#!/evento/beabb69402299f72e26268ef1ca24bde7f6e1821?fbclid=PAZXh0bgNhZW0CMTEAAaeZE34hD4Vk2-p4lk0QtNNEqbTlUEItAVF1t-3fl4fqo2q2lG89ObrX3mL7cg_aem_ZLZ9yS41AU6X-a-aJi-oSQ
Redes Sociais: @paraondevaiosilenciodaqueda
Imprensa: mar.imprensa@gmail.com | (@mar_comunicacao) FICHA TÉCNICA: Idealização: Virgínia Martins
Elenco: Virgínia Martins Direção: Karla Tenório Dramaturgia: Karla Tenório e Virgínia Martins Iluminação: Fernanda Mantovani Trilha Sonora Original: Ricco Viana Figurino e Cenário: Maria Callou Design Gráfico: Raquel Alvarenga Direção de Movimento:
Brisa Caleri Preparação Vocal: André Grabois Direção de Produção:
Virgínia Martins Produção Executiva: Nely Coelho e Monique Ottati Assessoria de Imprensa: Mar Comunicação Mídias Sociais: Evandro Castro Neto, Karla Tenório e Virgínia Martins Fotos de Divulgação: Beto Roma Maquiagem e cabelo ensaio fotográfico: Diego Nardes e Lucas Tetteo
Realização: Virgínia Martins