A campanha do ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência, enfrenta cada vez mais obstáculos. Ciro tem dificuldades para fechar alianças, não consegue vestir o figurino da terceira via e também não encontrou um vice para sua chapa. Agora, a cúpula nacional do PSB - partido que apoia a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tem Geraldo Alckmin como vice - proibiu o diretório no Rio Grande do Sul de dar palanque para Ciro.
A decisão foi tomada porque o ex-deputado Beto Albuquerque, pré-candidato do PSB ao Palácio Piratini, não só está em rota de colisão com o PT como quer se aliar a Ciro, de quem por pouco não foi vice na eleição de 2018. "O PSB é um partido, não uma coleção de individualidades", reagiu o presidente do PSB, Carlos Siqueira. "Em todo o País, a chapa será Lula e Alckmin. Isso é uma decisão irrevogável do congresso do partido", afirmou ele.
Albuquerque disse não considerar justa a cobrança de um palanque para Lula no Rio Grande do Sul porque o PT mantém o plano de lançar o deputado Edegar Pretto ao governo do Estado. Afirmou, ainda, que Siqueira não pode vetar o apoio a Ciro. "Quem decide é a direção nacional", resumiu.
Rede
Apesar desse revés, o diretório da Rede no Rio Grande do Sul aderiu à campanha de Ciro. Na semana passada, a ex-senadora Heloísa Helena, uma das principais líderes do partido, disse que estará com o ex-ministro. A Rede compõe a aliança de Lula, mas liberou palanques para Ciro.
Como mostrou o Estadão, líderes do PDT em Minas, Maranhão, Rio e Rio Grande do Norte já se aproximam de Lula. No Ceará, onde Ciro e seu irmão Cid Gomes já foram governadores, também há problemas. Enquanto o ex-ministro não esconde a preferência pelo ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio para a disputa ao governo cearense, o PT quer que a vice-governadora Izolda Cela seja a candidata. Os dois nomes são do PDT, mas o PT ameaça romper a parceria de 16 anos com o grupo de Ciro caso Izolda não seja a escolhida.
Slogan
Ciro lançou nesta segunda, 13, um novo slogan, que diz "Vote em um e se livre dos dois", numa referência a Lula e ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele atribuiu as dificuldades na campanha à "indigência" dos levantamentos de intenção de voto, que, na sua avaliação, provoca uma situação artificial. Dados da FSB Pesquisa divulgados ontem mostraram Ciro com 9% das preferências; Lula, com 44% e Bolsonaro, 32%. O ex-ministro disse que busca o apoio dos partidos de centro. "Não deserdei ainda (...) porque sou brasileiro e não desisto nunca", disse ele, em entrevista ao site G1.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.