Com provas marcadas para outubro e dezembro, novo edital amplia ações afirmativas, reforça compromisso com inclusão e moderniza o modelo de avaliação
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) divulgou detalhes da segunda edição do Concurso Nacional Unificado (CNU). O processo seletivo, conhecido como o “Enem dos Concursos”, trará mudanças importantes em 2025, como a política de cotas mais ampla e a reserva de vagas para mulheres na segunda fase. Ao todo, serão ofertadas 3.652 vagas, distribuídas entre 32 órgãos federais.
A banca organizadora será a Fundação Getulio Vargas, que assume o lugar da Cesgranrio, utilizada na edição anterior. A nova edição consolida o modelo por blocos temáticos, com nove grupos que reúnem cargos de áreas semelhantes. Isso permite que o candidato faça apenas uma inscrição e concorra a diferentes cargos dentro do mesmo bloco, aumentando as chances de aprovação. As provas objetivas estão marcadas para o dia 5 de outubro, e as discursivas, para 7 de dezembro.
Entre os destaques do novo edital está a ampliação das ações afirmativas. A reserva de vagas para pessoas negras, indígenas, quilombolas e com deficiência foi mantida, com porcentagens definidas em 25% para negros, 3% para indígenas, 2% para quilombolas e 5% para pessoas com deficiência. Outra medida inédita será a garantia de que, ao menos, metade das vagas da segunda fase seja ocupada por mulheres nos cargos com menor presença feminina. Essa decisão foi motivada pelos dados da edição de 2024, que registraram um desequilíbrio entre homens e mulheres aprovados. A ação busca corrigir distorções históricas e estimular maior representatividade de gênero nas carreiras públicas.
"A equidade entre homens e mulheres para a prova discursiva (blocos 1 ao 7) e de redação (blocos 8 e 9) não caracteriza reserva de vagas nem política de cotas, apenas um equilíbrio justo em uma sociedade em que, muitas vezes, a mulher enfrenta jornada dupla ou até tripla. A conta é simples: se forem convocados 90 candidatos de um cargo para a segunda fase, sendo 50 homens e 40 mulheres, serão chamadas mais 10 mulheres, respeitando-se a ordem de pontuação na primeira fase", afirma Luiz Rezende, coordenador acadêmico do Qconcursos.
As provas objetivas serão compostas por questões de múltipla escolha, com conteúdo de conhecimentos gerais e específicos. Candidatos de nível superior responderão a 90 questões, sendo 30 de conteúdo geral e 60 de conteúdo específico. Para cargos de nível intermediário, a prova terá 68 questões, divididas entre 20 gerais e 48 específicas. “A prova discursiva será aplicada apenas para os candidatos habilitados na primeira fase e trará dois textos para nível superior e uma redação dissertativa para nível médio, com horários e durações distintos”, informa Juliana de Almeida, professora do curso de Direito da Estácio.
Também será o fim do sistema de identificação por “bolinha”, usado na primeira edição do concurso. A marcação nos cartões de resposta será substituída por um código de barras, modernizando o processo de correção, após relatos de falhas na edição de 2024. "A estrutura das provas, mantendo para todos os blocos de nível superior um núcleo comum humanístico (Ética, Direitos Humanos, Sustentabilidade, Administração) e, para os de nível médio, as mesmas matérias, incluindo Realidade Brasileira, mostra que a gestão pública mantém a intenção — já presente no primeiro CNU — de buscar futuros servidores mais vocacionados para a função pública”, completa Rezende.
O Concurso Nacional Unificado 2025 tem uma expectativa de mais de 2 milhões de inscritos, já que foi o número de inscrições do ano passado. A nova edição busca refletir a diversidade do país por meio de ações afirmativas, políticas de inclusão e igualdade de oportunidades. Com o edital divulgado, basta se inscrever até 20 de julho e se preparar para as provas.