Alta do preço do cacau beneficia produtores do Espírito Santo

 





Com o preço do cacau atingindo recorde após recorde neste início de 2024, a alta da commodity pode deixar o chocolate mais caro às vésperas da Páscoa. Isso acontece em um momento que, mesmo mais oneroso, o consumidor não tem retirado o produto da lista de compras.


Se a alta pode fazer as pessoas repensarem o hábito de consumo, por outro lado, acaba sendo uma oportunidade para produtores, que lucram mais com a venda da commodity.


E no Espírito Santo, terceiro maior produtor de cacau do Brasil, ficando atrás apenas do Pará e da Bahia, agricultores já estão se beneficiando da alta do preço do fruto. De acordo com André Luiz Scampini, secretário-executivo da Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau), de março do ano passado para cá a variação chegou a 183%.


Atualmente, a commodity — com preço calibrado pela Bolsa de Nova York — está em torno de US$ 6,5 mil, a tonelada, enquanto há um ano o valor estava abaixo de US$ 3 mil. O custo da amêndoa está mais elevado devido a variações climáticas que ocorreram na África e reduziram a produtividade dos dois países protagonistas — Costa do Marfim e Gana — no fornecimento do produto para as fábricas de chocolate.





Scampini conta que as moageiras nacionais absorvem toda a produção do Espírito Santo, sendo que há mais de 40 produtores que produzem o próprio chocolate a partir da sua plantação, além de vender as amêndoas excedentes.


E das 40 indústrias de chocolate, boa parte das fábricas é chamada de bean-to-bar (das amêndoas para a barra) e three-to-bar (da árvore para a barra), que produzem barras e outros itens considerados premium.


Atualmente, estão associados à Acau cerca de 240 produtores, sendo que a estimativa é que haja 1.200 no total em todo o Espírito Santo. A cidade de Linhares, no Norte do Estado, responde por 70% a 80% da produção.


Em 2023, o Espírito Santo teve uma produção de 12 mil toneladas e a expectativa é que haja um incremento nos próximos anos. Scampini conta que as grandes empresas são as que mais absorvem a produção das amêndoas.

A perspectiva de crescimento da produção e a alta do preço estão ajudando a compensar as perdas que as lavouras tiveram em 2022 e 2021, quando chegaram a vender abaixo do preço de custo. E também vai ajudar a estimular que mais fazendas voltem a produzir cacau, ou até melhorar a qualidade do fruto
André Luiz Scampini
•Secretário-executivo da Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau)
Oportunidade



Para o secretário estadual da Agricultura, Enio Bergoli, o momento é uma boa oportunidade para os produtores, que podem aproveitar o lucro para investir na melhoria da produção e proteção da lavoura.


Ele lembra que os produtores de cacau do Estado já sofreram muito com a vassoura de bruxa, que reduziu uma produção de 16 mil toneladas ao ano para 4 mil toneladas. Agora, é necessário ter atenção à monilíase, uma ameaça que ainda não chegou ao Espírito Santo, mas já está em lavouras em outras regiões.

A alta do cacau é uma grande oportunidade para os produtores aproveitarem o lucro para renovar as lavouras e fazer investimentos. As amêndoas produzidas no Espírito Santo são de qualidade, temos indicação geográfica, o que é favorável
Enio Bergoli
•Secretário de Agricultura do Espírito Santo


Para Anna Paula Losi, presidente-executiva da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau do Brasil (AIPC), essa época de alta é considerada um bom momento para o produtor que pode reinvestir no próprio negócio e renovar suas plantas, melhorar produtividade e se preparar com defensivos.


“A commodity normalmente tem volatilidade. Estamos em alta, então o produtor tem que se preparar para daqui a um ano, ou três anos, quando vier a baixa. Quando tem produtividade, o produtor ganha muito dinheiro na alta e continua ganhando dinheiro na baixa”, detalha.
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