CIDADE DO CABO — A taxa de mortalidade por Covid-19 na África chegou a quase 2,5%, mais que a média global de 2,2%, embora nenhum país africano esteja atualmente entre os 10 com mais casos confirmados, ativos ou mortes no mundo. Apesar de mais de 2,8 milhões de pessoas terem se recuperado no continente, algo em torno de 83% do total de infectados, o aumento das mortes põe autoridades em alerta.
— A taxa de mortalidade está começando a ser muito preocupante para todos nós — disse John Nkengasong, diretor dos Centros Africanos para Controle e Prevenção de Doenças.
O camaronês, virologista à frente da agência de saúde pública da União Africana, destacou a limitação do sistema de saúde e dos trabalhadores da linha de frente como um dos principais motivos para os temores. Em números reais, dos 3.362.027 infectados em toda a África, 82.902 morreram.
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Sozinho, o continente responde por cerca de 4% das mortes causadas pela Covid-19 no mundo. Apesar de cada vez mais preocupantes, no entanto, os números são bem menores que os do Brasil. Com quase 1,1 bilhão de habitantes a menos que a África, as mortes em território nacional já são mais de 214 mil.
Em muitos países africanos, os hospitais estão sobrecarregados por conta dos novos pacientes. Com 69.364 profissionais de saúde infectados no continente, muitas vezes as equipes médicas acabam tendo que escolher no dia a dia a que paciente dar mais atenção, porque não dão conta de todos. Tal qual no Amazonas, disse Nkengasong, o acesso ao oxigênio também é um problema.
Hoje há 21 países africanos com a taxa de mortalidade acima da média global, dois a mais que na semana passada. O maior índice, de 11,8%, foi registrado no Saara Ocidental, território cujo controle é disputado pelo Marrocos e pela Frente Polisário, que luta pela independência. No Egito, onde em fevereiro foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no continente, a taxa de mortalidade atualmente é de 5,5%, com mais de 158,9 mil infectados.